Município de Itatiaia
Memória Histórica
O município de
Itatiaia foi criado por Lei n° 1330, de 6 de Julho de 1988, por
desmembramento de Resende e com uma área de 204 km² quadrados por ato
firmado pelo Governador Moreira Franco. Sua sede foi elevada a cidade em
1° de junho de 1989. No séc. XVII suas terras serviam de passagem ou de
pouso de viajantes que provenientes do sul de Minas demandavam os
portos sul-fluminenses. Com o esgotamento das minas, mineradores
procuraram suas terras para atividades agrícolas como o plantio de cana e
pecuária leiteira. Com o início do Ciclo do Café, no final do século
XVIII, surgiram grandes fazendas com plantações de café, subindo e
descendo as encostas dos morros arrendados que ornam o Vale do Paraíba
em Itatiaia.
Foi somente no início do século XIX que surgiu o povoado
de Campo Belo e atual Itatiaia, com a instalação do Distrito de Paz e
Tabelionato, em 13 de maio de 1832, para, inclusive, o registro de
terras e de escravos.
Em 5 de abril de 1839, foi instalado o Curato
Eclesiástico de São José de Campo Belo e subordinado a matriz N.S. da
Conceição de Resende. A primitiva capela data de 1839. Ela foi erigida
em terras doadas por D. Silvéria Soares Lucinda com a condição de
invocar São José padroeiro de sua família. Esta capela deu origem a
atual matriz de Itatiaia.
Campo Belo, atual Itatiaia, foi elevada a
vila por Lei Federal n° 311 de 2 de março de 1938. Em 31 de dezembro de
1943, o Decreto Lei n° 1056 deu ao quarto distrito de Resende e Vila de
Campo Belo o expressivo nome de Itatiaia que, em Tupi Guarani, segundo
Afonso de Taunay, quer dizer “pedras cheias de pontas”.
No início do
século XIX, o transporte da região se fazia por via terrestre. Em penoso
desfilar, as tropas de muares abriram os caminhos do Oeste para o
Leste. Do sul vinham grandes levas de tropeiros gaúchos fornecedores de
mulas para a lavoura cafeeira e escoamento do mesmo para Angra dos Reis.
Foi do norte que mineiros transpuseram a Mantiqueira para o Vale do
Paraíba e lançaram as primeiras raízes da sociedade colonial
itatiaiense.
Foi na década de 1860 e no início da de 1870 com a fase
áurea do café – o Ouro Verde, que surgiu a exploração da via fluvial
pelo rio Paraíba com barcos enormes que, desde Barra do Piraí, navegava o
Rio Paraíba acima até Itatiaia (então Campo Belo) para atender os
grandes comerciantes das firmas Rocha Bernardes, Teixeira Caboré e
Companhia Diogo dos Santos Pinto com armazéns no porto das Barcas, na
época considerado um dos maiores entrepostos alfandegário e comercial
para o qual inclusive eram despachadas para o Rio de Janeiro produções
dos municípios paulistas de Queluz e Areias. Os trilhos da Estrada de
Ferro Dom Pedro II, chegaram em Itatiaia em 1873, substituindo aos
poucos o comércio fluvial até Barra do Piraí. Com o fracasso, por causas
amplamente conhecidas, as antigas fazendas de café de Itatiaia
voltaram-se para a pecuária de ponta e a leiteira. Foi em Itatiaia que
surgiu o primeiro exportador fluminense de manteiga e o segundo em leite
que era transportado ao Rio em vagões frigoríficos. Hoje, como marcos
rurais existem as fazendas “Belos Prados” e da “Serra”, as primeiras, ao
que se sabe, exploradas como hotéis fazendas, hoje bastante difundidos
na área.
Com a construção da Rodovia Presidente Dutra, por volta de
1950, ligando os dois maiores centros urbanos do Brasil e mais a
Hidroelétrica do Funil eles determinaram um grande surto migratório para
Itatiaia surgindo as indústrias Flextronics (Xerox), Michelin,
Biochimico, etc.
Foi no século passado que cientistas naturalistas,
geólogos e botânicos, visitaram e estudaram o maciço do Itatiaia. Dentre
os brasileiros cumpre mencionar Franklin Massena, Barão Homem de Mello e
em data mais recente, Alberto Lamego, Campos Porto, A. J. Sampaio, A.
C. Brade. Dentre os estrangeiros lembro o francês Glaziu, Holt, Wavra,
Ulo, Duzeu, Derby, e o Conde D’Eu e a princesa Izabel visitaram o
Itatiaia. Merece destaque especial, o entomologista José Francisco
Zikan, que organizou coleções com mais de 70.000 insetos colhidos no
Itatiaia, o que por si só indica o valor cientifico da obra por ele
realizada, razão de seu nome, haver sido perpetuado na ciência de
diversos países. Parte do acervo que ele desenvolveu encontra-se no
Museu do Parque Nacional do Itatiaia criado em 1937 e que ocupa grande
parte do município. A outra parte do seu acervo, encontra-se no
instituto Osvaldo Cruz no Rio e todo ele a serviço da ciência.
Hoje o
município e a cidade de Itatiaia emoldurados pela paisagem do maciço do
Itatiaia com suas elevações, picos, cascatas, rios, matas e vales é um
convite permanente para os turistas ocuparem os hotéis da região, seja
no próprio Parque, seja no Bairro de Penedo, antiga colônia finlandesa
fundada, particularmente, em 1929.
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