sábado, 1 de junho de 2013

Município de Itatiaia - Alda Bernardes de Faria e Silva

Município de Itatiaia
Memória Histórica


O município de Itatiaia foi criado por Lei n° 1330, de 6 de Julho de 1988, por desmembramento de Resende e com uma área de 204 km² quadrados por ato firmado pelo Governador Moreira Franco. Sua sede foi elevada a cidade em 1° de junho de 1989. No séc. XVII suas terras serviam de passagem ou de pouso de viajantes que provenientes do sul de Minas demandavam os portos sul-fluminenses. Com o esgotamento das minas, mineradores procuraram suas terras para atividades agrícolas como o plantio de cana e pecuária leiteira. Com o início do Ciclo do Café, no final do século XVIII, surgiram grandes fazendas com plantações de café, subindo e descendo as encostas dos morros arrendados que ornam o Vale do Paraíba em Itatiaia.
Foi somente no início do século XIX que surgiu o povoado de Campo Belo e atual Itatiaia, com a instalação do Distrito de Paz e Tabelionato, em 13 de maio de 1832, para, inclusive, o registro de terras e de escravos.
Em 5 de abril de 1839, foi instalado o Curato Eclesiástico de São José de Campo Belo e subordinado a matriz N.S. da Conceição de Resende. A primitiva capela data de 1839. Ela foi erigida em terras doadas por D. Silvéria Soares Lucinda com a condição de invocar São José padroeiro de sua família. Esta capela deu origem a atual matriz de Itatiaia.
Campo Belo, atual Itatiaia, foi elevada a vila por Lei Federal n° 311 de 2 de março de 1938. Em 31 de dezembro de 1943, o Decreto Lei n° 1056 deu ao quarto distrito de Resende e Vila de Campo Belo o expressivo nome de Itatiaia que, em Tupi Guarani, segundo Afonso de Taunay, quer dizer “pedras cheias de pontas”.
No início do século XIX, o transporte da região se fazia por via terrestre. Em penoso desfilar, as tropas de muares abriram os caminhos do Oeste para o Leste. Do sul vinham grandes levas de tropeiros gaúchos fornecedores de mulas para a lavoura cafeeira e escoamento do mesmo para Angra dos Reis. Foi do norte que mineiros transpuseram a Mantiqueira para o Vale do Paraíba e lançaram as primeiras raízes da sociedade colonial itatiaiense.
Foi na década de 1860 e no início da de 1870 com a fase áurea do café – o Ouro Verde, que surgiu a exploração da via fluvial pelo rio Paraíba com barcos enormes que, desde Barra do Piraí, navegava o Rio Paraíba acima até Itatiaia (então Campo Belo) para atender os grandes comerciantes das firmas Rocha Bernardes, Teixeira Caboré e Companhia Diogo dos Santos Pinto com armazéns no porto das Barcas, na época considerado um dos maiores entrepostos alfandegário e comercial para o qual inclusive eram despachadas para o Rio de Janeiro produções dos municípios paulistas de Queluz e Areias. Os trilhos da Estrada de Ferro Dom Pedro II, chegaram em Itatiaia em 1873, substituindo aos poucos o comércio fluvial até Barra do Piraí. Com o fracasso, por causas amplamente conhecidas, as antigas fazendas de café de Itatiaia voltaram-se para a pecuária de ponta e a leiteira. Foi em Itatiaia que surgiu o primeiro exportador fluminense de manteiga e o segundo em leite que era transportado ao Rio em vagões frigoríficos. Hoje, como marcos rurais existem as fazendas “Belos Prados” e da “Serra”, as primeiras, ao que se sabe, exploradas como hotéis fazendas, hoje bastante difundidos na área.
Com a construção da Rodovia Presidente Dutra, por volta de 1950, ligando os dois maiores centros urbanos do Brasil e mais a Hidroelétrica do Funil eles determinaram um grande surto migratório para Itatiaia surgindo as indústrias Flextronics (Xerox), Michelin, Biochimico, etc.
Foi no século passado que cientistas naturalistas, geólogos e botânicos, visitaram e estudaram o maciço do Itatiaia. Dentre os brasileiros cumpre mencionar Franklin Massena, Barão Homem de Mello e em data mais recente, Alberto Lamego, Campos Porto, A. J. Sampaio, A. C. Brade. Dentre os estrangeiros lembro o francês Glaziu, Holt, Wavra, Ulo, Duzeu, Derby, e o Conde D’Eu e a princesa Izabel visitaram o Itatiaia. Merece destaque especial, o entomologista José Francisco Zikan, que organizou coleções com mais de 70.000 insetos colhidos no Itatiaia, o que por si só indica o valor cientifico da obra por ele realizada, razão de seu nome, haver sido perpetuado na ciência de diversos países. Parte do acervo que ele desenvolveu encontra-se no Museu do Parque Nacional do Itatiaia criado em 1937 e que ocupa grande parte do município. A outra parte do seu acervo, encontra-se no instituto Osvaldo Cruz no Rio e todo ele a serviço da ciência.
Hoje o município e a cidade de Itatiaia emoldurados pela paisagem do maciço do Itatiaia com suas elevações, picos, cascatas, rios, matas e vales é um convite permanente para os turistas ocuparem os hotéis da região, seja no próprio Parque, seja no Bairro de Penedo, antiga colônia finlandesa fundada, particularmente, em 1929.

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