Em 30 de abril de 1908 o governo do
Estado do Rio, representando a União, entra em contato com o Comendador
Henrique Irineu de Souza – filho e herdeiro do Visconde de Mauá – para
adquirir as fazendas localizadas no maciço de Itatiaia. Em 04 de Junho
de 1908 foi lavrada a escritura de compra pelo Governo Federal de 48.000
hectares de terra com benfeitorias, distribuídas em 7 fazendas, por 130
contos de réis, para instalação de núcleos coloniais. Em dezembro de
1908 chegam os primeiros colonos. Instalam-se os Núcleos Coloniais
Itatiaya e o Núcleo Colonial Visconde de Mauá. Os lotes são vendidos aos
colonos pelo Governo Federal, assumindo o mesmo, de dezembro de 1908 a
maio de 1916, todas as responsabilidades com o empreendimento. Pelo
decreto n.º 12.083 de 31 de maio de 1916, o Governo Federal emancipa o
Núcleo Colonial Itatiaya, no Estado do Rio de Janeiro.
A emancipação
era fato previsto pelo Estado na vida da colônia. Significava a
autonomia da mesma. O governo suspendia seu apoio. A partir desse fato
foram permitidas as vendas dos lotes coloniais a qualquer elemento
interessado na sua compra. Data portanto de 1916 o início da compra por
fazendeiros da região, e outros, de lotes de colonos “estrangeiros” e de
“colonos nacionais”, documentados em cartórios do município. Passou-se a
receber turistas nas próprias casas. Foram depois construídas as
primeiras pousadas. Data de 1924 a aquisição do lote 90 por Josef Simon.
Nesse lote construiu, anos após, o Hotel Simon.Robert Donati, comprou o
lote 128, nele construiu um hotel, inaugurado em 1931 com o nome Hotel
Repouso Itatiaia, hoje Hotel Donati. E assim outros foram construídos,
em lotes do Núcleo Colonial Itatyaia, em épocas diversas – Hotel Cabanas
de Itatiaia, Núcleo Colonial Itatiaya, em épocas diversas – Hotel
Cabanas de Itatiaia, Aldeia dos Pássaros e Hotel do Ypê – retratando as
transformações sociais e econômicas ocorridas nesse original povoamento.
(Dados
e trechos do livro: Imigrantes em Resende: Visconde de Mauá (1908-1916)
MAN de Resende – pesquisa de Alexandre Mendes da Rocha).
Na década
de vinte, o que hoje se chama Parque Nacional do Itatiaia chamava-se
Núcleo Colonial de Itatiaia. Era um núcleo de colonização alemã e
francesa. Um dos colonos chamava-se Leonard Walter, agricultor, que
cultivava pereiras e macieiras. Por volta de 1926, Sr. Spanner deu ao
Sr. Walter a idéia de estabelecer uma pequena pensão de veraneio. Ele
fez então uma cabana de palmito muito rústica. Como madame Walter sofria
de uma paralisia reumática, a família Dalgele passou a tomar conta.
Certa
noite de 1928, o pequeno Dedé, que até hoje bom ouvido para a música,
ouviu um grupo cantando belas canções e perguntou à mãe quem eram. Ela
lhe disse que eram finlandeses que procuravam uma terra ideal para
estabelecer uma colônia. O grupo era de quatro pessoas: dona Lisa e seu
marido Toivo Uuskallio, Toivo Suni e um rapaz de dezesseis anos chamado
Franz Hule. Dedé, que já falava o alemão, tornou-se o intérprete deles,
que também falavam aquela língua.
Agora, vejam os leitores quantas
histórias interessantes aconteceram a partir daí. Primeiro, uma espécie
de pré-história da sauna entre nós. Como foi dito, madame Walter sofria
de uma paralisia reumática. Pois bem, os finlandeses propuseram aos
Walter construir ali uma sauna para trata-la. Proposta aceita,
construíram-na, exatamente onde hoje é o Hotel Repouso Itatiaia, antigo
Donati e mais antigo Pensão Walter. Eles pegavam a Sra Walter no colo,
colocavam-na dentro do quarto quente, dali a retiravam certo tempo
depois e a jogavam numa piscina natural represada no rio. Umas duas ou
três vezes por semana. Em três meses, madame Walter estava andando. Era a
primeira sauna construída no Brasil e inaugurada de forma auspiciosa.
Ali, os finlandeses souberam que os beneditinos estariam interessados em
vender uma fazenda chamada Penedo, pouco mais abaixo, nas fraldas da
mesma serra. O forno da primeira sauna finlandesa foi construído na
oficina do Schubert, em Itatiaia. (Frederico de Carvalho)
A imigração
de europeus para Itatiaia é um capítulo da história local que não se
pode desprezar – mesmo porque parte da população Itatiaiense, hoje, é
constituída por descendentes destes imigrantes. Sem contar que eles nos
deixaram importante legado cultural, incorporado aos hábitos e costumes
locais.
Da segunda metade do século XIX, ao início do século XX, o
município recebeu grande leva de imigrantes alemães, suíços, austríacos,
italianos, húngaros, franceses, espanhóis, portugueses e até mesmo
chineses – que se instalaram em Mauá, Itatiaia e Porto Real.
A
criação de Núcleo Coloniais em Resende, pelo Governo Federal,
representou um período de transição entre o ciclo do café e a pecuária
leiteira, quando tentou-se a manutenção do pouco que ainda restava da
lavoura cafeeira, e a ampliação da agricultura, através do plantio de
outros produtos, como cereais, frutas e cana-de-açúcar.
Núcleo
Colonial Itatiaia – (Vale do Campo Belo) foram criados pelo Governo, em
1908, que os manteve até 1916, quando foram emancipados. Os imigrantes
europeus – predominantemente, suíços, alemães e austríacos – foram
instalados nas terras da grande fazenda do Visconde do Mauá(Irineu
Evangelista de Souza), repartida em 106 lotes rurais e 107 urbanos –
estes localizados nas sedes dos núcleos (onde seriam, hoje, a vila de
Visconde de Mauá e a sede do Parque Nacional do Itatiaia).
Os
imigrantes eram subvencionados pelo governo que pagava a passagem e um
auxílio provisório, além de instrumentos e sementes, até conseguirem
produzir.
A terra – grande ambição dos colonos - era conseguida através de um pagamento a prestação.
No
Núcleo de Visconde de Mauá, o Governo Federal instalou escritório
técnico, farmácia, escola, padaria, igreja e carpintaria; comerciantes
abriram armazéns.
Mas o funcionamento disto tudo foi sempre muito precário.
À
região de Mauá e Itatiaia foi escolhida para a instalação dos Núcleos
Coloniais, devido a seu clima e paisagem semelhante aos Alpes, o que
facilitaria a adaptação dos imigrantes europeus. Além disso, a região
era um território quase que totalmente desocupado, formado por densa
floresta, antes habitada apenas pelos índios Puris(e Botocudos) ou
eventuais posseiros mineiros.
Nas colônias de Mauá e Itatiaia foram
experimentadas plantações de cereais e frutas, semelhantes ao que se
cultivava na Europa. Esta produção deveria destinar-se também ao mercado
externo – do Rio e de São Paulo.
FRACASSO
O Núcleo Colonial
Itatiaia redundaram num grande fracasso. Primeiramente, porque as
promessas do Governo foram apenas parcialmente cumpridas; e também
devido às péssimas condições da estrada de acesso a Mauá, o que
dificultava o escoamento da mercadoria produzida no Núcleo. Para se ter
uma idéia, gastavam-se 48 horas, a cavalo, de Mauá a Resende. O fracasso
deveu-se, ainda, ao fato de que os imigrantes, em grande parte, não
eram agricultores. Além de tudo isso, a produção não encontrou colocação
no mercado das grandes cidades, monopolizado pelos importadores.
Com
o fracasso dos Núcleos, as terras foram vendidas para os mineiros
provenientes do Vale do Rio Grande, que dedicaram-se à criação do gado,
iniciando-se, assim, um novo ciclo produtivo, na região: o da pecuária
leiteira.
Após a desagregação dos Núcleos poucos colonos permaneceram
em Itatiaia, existindo , hoje, apenas algumas famílias descendentes dos
imigrantes europeus: os Bühler, Bütner e Frech, em Mauá; e os Daigele,
em Itatiaia.
(Fonte consultada: Imigrantes em Resende: Visconde de Mauá, de Alexandre Mendes da Rocha)
Núcleo Colonial do Itatiaia
1909-2008(99 anos)
Por
volta de 1889-1890, o Comendador Henrique Irineu de Souza, nasceu no
Rio a 24-02-1851, filho do Visconde de Mauá – Irineu Evangelista de
Souza, natural de Jaguarão - RS, e de D. Maria Joaquina de Souza
Machado, era casado com Jesuína de Azevedo Salles. Instalou em sua
fazenda na Serra do Itatiaia o Núcleo Colonial do Itatiaia.
Os
colonos italianos se dedicavam ao cultivo de frutas e turbérculos, e
viam-se frondejar opulentas macieiras, pereiras, ameixeiras, uvas e
pêssegos, frutificando dentro da suavidade do clima do Itatiaia(a
cavaleiro da Freguesia de Campo Belo).
Em 1909, Henrique Irineu de Souza expõe no Rio, frutas produzidas no Núcleo.
Entre
os belos pomos, figuravam pêssegos brancos e róseos, peras d´água,
ameixa de Madagascar, Rainha Cláudia, laranjas tipo baiano, limas
marmelos, pinhas frutas do Conde e outras quantas que compravam a
uberdade do solo e a adaptação dessas espécies ao clima da região.
O
governo federal adquire por 130 contos de réis, as propriedades rurais
pertencentes ao Comendador Henrique Irineu de Souza, situadas no
Itatiaia, e aí são criados os dois núcleos coloniais, Itatiaia e Mauá
para localização de lavradores estrangeiros e nacionais.
Em 1912
chegam ao Núcleo “Itatiaia” as primeiras doze famílias de colonos
holandeses. Instala-se oficialmente o Núcleo Colonial “Itatiaia” na
serra do mesmo nome. A sede demora a 823 metros sobre mar. Dispõe de 83
lotes rurais com área de 23 hectares, em cada qual estavam localizados
146 colonos franceses, alemães, holandeses, belgas e italianos.
A despesa com a aquisição de terras, construção de casas e caminhos, monta a 307.2999$000.
Em
1912, Rodolfo da Rocha Miranda – Ministro da Agricultura, visita os
Núcleos Coloniais. “Itatiaia e Mauá”, situados no Município de Resende, e
cujo insucesso prevê, considerando-os impróprios à colonização alemã e
francesa.
Frank Brainard, chefe da seção de Pomologia do Ministério
da Agricultura, visitou o Núcleo Itatiaia no relato oficial de suas
observações afirma, ao titular da “Pasta”.
Benfica é região
apropriada à cultura de frutas européias, principalmente; na região além
das “Macieiras” foi plantada alfafa da Suíça e da Sibéria; no preparo
de solos, ao vez da enxada, deve usar-se o arado; cumpre estabelecer no
Itatiaia, uma estação de pomocultura e outra de laticínio; o gado da
região está isento de parasitas, não era atacado pelo carrapato, era em
geral, grande produtor de leite, e de carnes sadias, engordando
oficialmente e não dependendo de grandes cuidados de trato.
A Revista
Alemã “Brazilianische Rucdchan” estampou matéria concernente ao Núcleo
Itatiaia e clichês das Agulhas Negras e do Lago Azul, belos aspectos
panorâmicos da Região das Agulhas Negras.
O presidente da República
Marechal Hermes da Fonseca visitou o Núcleo Colonial em plena mata a
2.350 metros de altitude sobre o mar.
Em plena floresta é servido o primeiro repasto, a 1800 metros de altura.
Após 2 dias de permanência na montanha, os itinerantes regressavam a cavalo para Campo Belo.
Em
1913, o Diretor do Núcleo Itatiaia distribuiu a imprensa local, uvas
brancas e pretas produzidas no respectivo estabelecimento agrícola.
Cachos de uvas brancas pesavam 2 a 3 quilos e saborosas, rivalizando com os melhores tipos europeus.
Núcleo Colonial “Itatiaia”
1907
– “O Governo Federal entabola negociações para adquirir as propriedades
do Comendador Henrique Irineu de Souza, situadas na Serra do Itatiaia,
município de Resende e no limítrofe de Aiuruoca-MG.”(1 –pág 141)
“O
Governo Federal adquire por 130 contos de réis, as propriedades rurais
pertencentes ao Comendador Henrique Irineu de Souza, situadas no
Itatiaia, deste Município de Resende e, ai, são criados dois núcleos
coloniais para localização de lavradores estrangeiros e nacionais.”(2 –
pág 141)
Em 1912, chegam ao núcleo “Itatiaia” as primeiras doze famílias de colonos holandeses.(3 – pág 142)
“Instala-se
oficialmente o núcleo colonial “Itatiaya”, na serra do mesmo nome. A
sede demora a 823 metros sobre o mar. Dispõe de 83 lotes rurais, com
área de 23 hectares, em cada qual estavam localizados 146 colonos
franceses, alemães, belgas e italianos. A despesa com aquisição de
terras, construção de casas e caminhos, monta a 307:299$000”.(4 –
pág.148)
“Rodolfo da Rocha Miranada, Ministro da Agricultura, visita
os núcleos coloniais “Itatiaia” e “Mauá”, situados no Município de
Resende, e cujo insucesso prevê, considerando-os impróprios à
colonização alemã e francesa” (5 – pág 148)
“ Frank Brainard, chefe
da Seção de Pomologia do Ministério da Agricultura, visita o Núcleo
Itatiaya. No relato oficial de suas observações afirma, ao titular da
Pasta. Benfica é a região apropriada à cultura de frutas européias,
principalmente, a uva; na região além das Macieiras deve ser plantada a
alface da Suíça e da Sibéria; no preparo do solo, ao em vez da enxada,
deve usar-se o arado; cumpre estabelecer, no Itatiaia, uma estação de
pomocultura e alfafa outra de laticínio; o gado da região está isento de
parasitas, não é atacado pelo carrapato, é grande produtor de leite e
de carnes sadias, engordando facilmente e não dependendo de grandes
cuidados de trato.”
“A revista alemã “Brazilianische Rucdehass”,
estampa matéria concernente ao núcleo “Itatiaia” e clichês das Agulhas
begras e do Lago Azul, belos aspectos panorâmicos da montanha
resendense”. (7 – pág. 152)
“O Presidente da República Marechal
Hermes da Fonseca, o Dr. Oliveira Botelho, presidente do Estado, o Cel.
Barbedo, chefe da Casa Militar da presidência, o Cap. Ten. Cunha
Meneses, ajudante de ordens do Chefe da Nação, o Cel. Filadelfo,
comandante da Força Militar do Estado e figuras representativas da
sociedade local visitam os núcleos “Mauá” e “Itatiaia” entregando-´se a
incursões cenegéticas. Logram abate, em Mauá, uma anta pesando 180
quilos. São infrutiferamente, corridos 2 veados. Os presidentes
pernoitaram em um rancho em plena mata a 2.350 metros de altitude sobre o
mar. De Mauá seguem a cavalo para Itatiaia, vencida a distância em 7
horas de marcha batida. Em plena floresta é servido o primeiro repasto, a
1.800 metros de altura. Após dois dias de permanência na montanha os
itinerantes regressaram a Campo Belo, de cujo termo partem à uma hora da
manhã para o Rio”.
“O Diretor do núcleo Itataya distribuiu à
imprensa local, uvas brancas, e pretas produzidas no respectivo
estabelecimento agrícola. Cachos de uvas brancas pesavam de 2 a 3 quilos
e saborosíssimas, rivalizando vantajosamente, com os melhores tipos
europeus.” (9 – pág. 155)
“O Governo resolve localizar nos núcleos
Itatiaya e Mauá, os indivíduos que, sem trabalho se fazem apreensivo
problema, nas ruas do Rio de Janeiro. São assim colocados 530 homens que
não se afeiçoando ao serviço de terra, abandonam os núcleos da
montanha”. (10 – pág. 162)
“Fixa residência no município
localizando-se em propriedade que adquire no núcleo Itatiaya, o Barão
Homem de Melo, notável figura de historiador e filósofo, Barão Francisco
Ignácio Marcondes. Homem de Melo nasceu em Pindamonhangaba em
01/05/1873, faleceu em 04/01/1918. Foi Presidente de São Paulo e Rio
Grande do Sul. Filho de Visconde de Pindamonhagaba, Sr. Francisco Homem
de Melo e casado com Maria Joaquina Marcondes Ribas, filha do Capitão
Candido Marcondes Ribas e de Ana Rosa.” (11- pág 165)
“ A direção do
núcleo Itatiaya expõe, no Rio de Janeiro, frutas produzidas no
respectivo estabelecimento, quer por colonos ali localizados, quer por
particulares. O mostruário que desperta atenção pública e merece da
imprensa lisongeiras referências e grandes cachos de uvas brancas,
pêssegos rosados e amarelos, maçãs, pêras, ameixas do Japão, caquis,
rainha Cláudia, morango, mamão(muitos destes últimos pesando 2 quilos);
limão doce e azedo, banana de diversas qualidades. Causa surpresa um dos
cachos com 274 alentados frutos. Um dos expositores, Paulo Armandi,
expõe magnífico e saboroso produto, compota de jabuticaba.” (12 – pág
168/169)
“Campos Porto, naturalista do Jardim Botânico publica
interessante trabalho A Flora Orquídea da Serra do Itatiaia.
Percorrendo, demoradamente, a montanha consegue apurar 1.200 variedades
de parasitas, muitas das quais de forma e coloração bizarra. Entre os
exemplares há um de rara beleza, ao qual o naturalista denomina “
Cattaley-a Itatiayae” e que parece hidrido natural e difere de todas as
espécies catalogadas na Flora Brasiliense.” (13- pág.177)
Bopp Itamar – “Resende” – Cem Anos da Cidade
1848 – 1948
CONCLUSÃO:
O
local conhecido como Núcleo Colonial Itatiaya, foi assim denominado
pelo Governo, que em 04 de Junho de 1908 comprou do Comendador Henrique
Irineu de Souza, filho e herdeiro do Visconde de Mauá, 48.000 hectares
de terra com benfeitorias, distribuídas em 7 fazendas, para instalação
dos Núcleos Coloniais Itatiaya e Visconde de Mauá. Estes dois Núcleos
Coloniais foram os dois únicos núcleos federais organizados no Estado do
Rio, dentre vinte e três fundados em todo o país durante a fase de
colonização de começos do século XX. Os Núcleos foram divididos em lotes
para serem vendidos aos colonos pelo Governo, que passava a responder
integralmente por estas colônias. O Núcleo Colonial Itatiaya recebeu
predominantemente famílias imigrantes alemãs, suíças e austríacas com o
propósito de produzir frutas européias, cereais, tubérculos e criar gado
de raças de clima temperado, pois as terras da Serra da Mantiqueira
foram equivocadamente avaliadas como área de clima semelhante ao dos
Alpes Europeus. Por diversos motivos, o objetivo do Núcleo não foi
atingido, e em 31 de maio de 1916 o Governo Federal emancipou o Núcleo
Colonial Itatiaya, referendando seu fracasso e inviabilidade. A
emancipação era fato previsto pelo Estado na vida da colônia.
Significava a autonomia da mesma. O governo suspendia seu apoio. A
partir desse fato foram permitidas as vendas dos lotes coloniais a
qualquer elemento interessado na sua compra. Data portanto de 1916 o
início da compra por fazendeiros da região, e outros, de lotes de
colonos “estrangeiros” e de “colonos nacionais” , documentados em
cartórios do município. Passou-se a receber turistas nas próprias casas.
Foram depois construídas as primeiras pousadas. Datas de 1924 a
aquisição do lote 90 por Josef Simon. Nesse lote construiu, anos após, o
Hotel Simon. Robert Donati, comprou o lote 128, nele construiu um
hotel, nele construiu um Hotel Donati. E assim outros foram construídos,
em lotes do Núcleo Colonial Itatiaya, em épocas diversas – Hotel
Cabanas de Itatiaia, Aldeia dos Pássaros e Hotel do Ypê – retratando as
transformações sociais e econômicas ocorridas nesse original povoamento.
(Dados
e trechos do livro: Imigrantes em Resende: Visconde de Mauá – 1908-1916
– MAM de Resende – pesquisa de Alexandre Mendes da Rocha).
Em 14 de
junho de 1937 foi criado o Parque Nacional do Itatiaia pelo decreto n.º
1.713. Tal diploma legal, sabiamente não incorporou nenhum dos lotes que
tinham sido vendidos aos colonos e a terceiros pelo Governo , portanto,
de propriedade privada: o Parque Nacional do Itatiaia(11.943 hectares)
foi constituído pela área da Estação Biológica do Rio de Janeiro mais
alguns lotes do Núcleo Colonial que ainda pertenciam ao Ministério da
Agricultura. Fora do limite do Parque ficaram outros lotes de
propriedade da União, aonde vieram ser instaladas a sede do Parque e as
demais dependências. Também não foram incluídos os chamados no Decreto
n.º 1713 de lotes privados encravados e citados como área “...da que for
desapropriada...”. Na verdade nunca o foram, e serviriam para unir os
lotes públicos externos aos limites do Parque Nacional do Itatiaia aos
contidos dentro de seus limites.
Em 1982, o decreto n.º 87.586, de
20/09/1982, sancionado pelo Geenral João Baptista Figueiredo, na
qualidade de Presidente da República, ampliou os limites do Parque
Nacional do Itatiaia de 11.943 hectares para “aproximadamente 30.000
hectares”. O decreto incluiu, discricionariamente, lotes do Núcleo
Colonial Itatyaia pertencentes a particulares, sem definir que seriam
desapropriados e sem justificativa técnica para inclui-los. Esses novos
limites na parte sul estão em desacordo ao proposto no Plano de Manejo
desse mesmo ano (1982) para o PNI. Nesse documento consta
explicitamente: “Considerando que Parque Nacional é uma categoria de
manejo onde, dentre outras qualificações, as terras devem pertencer
integralmente ao Poder Público, e que, as condições em que se encontra a
área representada pelos lotes remanescentes do Núcleo Colonial Itatiaia
a desqualificam como Parque Nacional, julgarmos adequada a
transferência da categoria de manejo desse conjunto de lotes, encravado
do Parque Nacional, para Parque Natural, onde tais condições são
admissíveis”. Embora não mais exista a categoria Parque Natural, o fato é
que o documento de encaminhamento da ampliação do parque reconhecia não
ser admissível à inclusão desses lotes referidos dentro dos limites de
um Parque Nacional.
Fonte: Associação dos Amigos do Itatiaia
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