sábado, 1 de junho de 2013

O MUNICÍPIO DE ITATIAIA - Alda Bernardes de Faria e Silva

COMUNICAÇÃO: O MUNICÍPIO DE ITATIAIA



A Serra da Mantiqueira e o Vale do Paraíba foram primitivamente cobertas de densas matas, ocupadas por selvagens, os Puris, pertencentes ao grupo dos Coroados que deram ao maciço o nome de Ita-ti-ai-a, que segundo Afonso de Taunay em tupi-guarani significa “pedra cheia de pontas”.
Do século XVI ao século XVII, com a descoberta do ouro nas Gerais, o Vale e a Serra foi intensamente percorrida por aventureiros e faiscadores à procura de indícios auríferos, seguindo as primitivas trilhas dos selvagens.
No meado do século XVIII, tornaram-se importantes vias de transporte das Minas Gerais para o porto de Angra dos Reis e Parati, por onde escoava o ouro por via Marítima.
Em conseqüência desse tráfego, foram surgindo na região vários ranchos. Assim, da fundação de Itatiaia, como a de muitos aglomerados urbanos, não se conhece nomes entre seus fundadores.
A colonização só se deu nas primeiras décadas do século XIX com a chegada de algumas famílias, procedentes de Alagoa, de Aiuruóca - MG, com
O esgotamento das minas de ouro das Gerais.
Verificando-se maior estabilidade dos que já aqui viviam. As terras apresentavam a vantagem de servir para plantações, surgindo na vasta planície os canaviais e seus engenhos, formando-se os grandes latifúndios.
Foi no início do século XIX, na década de trinta, que surgiu o povoado de Campo Belo, com a instalação do Distrito de Paz e Tabelionato em 13 de maio de 1832, para inclusive, o registro de terras e escravos. Em 5 de abril de 1839, por Lei Provincial, nº 139, foi instalado o curato Eclesiástico de São José do Campo Belo, subordinado a Matriz de Nossa Senhora da Conceição de Resende.
A primeira capela data de 1839. Erigida em terras doadas por D. Silvéria Soares Lucinda, com a condição de invocar S. José, padroeiro de sua família.
Esta capela deu origem a atual Matriz de Itatiaia, construída em 1848.
Em 1842, por Lei Provincial n. º 272, de nove de maio, elevada à categoria de Freguesia de Campo Belo.
Em 1851, abriu-se a primeira Escola Pública de Itatiaia por Lei Provincial para atendimento aos estudantes do sexo masculino.
Em 1862 foi inaugurada a primeira escola feminina.
A fase áurea do Café também chamado de “Ouro Verde”, que foi impulsionado pela exploração da via fluvial pelo Rio Paraíba do Sul, atingiu seu apogeu entre 1860 a 1870.
Segundo o Almanak Lammert, na década de 1880, a Freguesia de S. José do Campo Bello (Itatiaia) era quase exclusivamente produtora de café, e possuía, para beneficia-lo, excelentes máquinas.
Podemos citar o Comendador Manuel da Rocha Leão – proprietário da Fazenda Cachoeira, cujo café obteve prêmio de alto preço – medalha de ouro. O galardão só foi conferido a três dentre cerca de 1000 grupos do produto, na Exposição de Paris, em 1866.
Outro importante proprietário da Fazenda da Serra, o Cel. Tito Lívio Martins, produzia grande quantidade de café em sua fazenda da então Campo Belo. Era filho de D. Maria Benedita Gonçalves Martins, conhecida como a “Rainha do Café”, em Resende.
Outro dos grandes cafeicultores da época, o Comendador Joaquim Gomes Jardim, em sua fazenda Valparaíso (situada na freguesia de Campo Bello), produziu 8.551 arrobas de café no ano de 1860, Domingos Gomes Jardim, descendente do Comendador, receberia na Feira da Filadélfia, nos EUA, o prêmio “Alta Qualidade”. Na Exposição Regional de dois de dezembro de 1885, destacava-se o café tipo “Moca”, das fazendas Itatiaia, de Rocha Leão, e Valparaíso, de Domingos Gomes Jardim, ambas da freguesia de Campo Bello.
No ano de 1873 com a chegada da ferrovia D. Pedro II em Campo Belo.
Por volta de 1889-1890, o Comendador Henrique Irineu de Souza, nascido no Rio, filho do Visconde de Mauá – Irineu Evangelista de Souza, com a abolição da escravatura, começou a buscar alternativas para o desenvolvimento de suas terras, já que não dispunha de mão de obra suficiente para a cultura agrícola e à pecuária.
No século XIX, ocorria na Inglaterra a Revolução Industrial e o país necessitava de mercado consumidor para os seus produtos. Como escravos não ganham dinheiro, não constituem mercado consumidor.Isso influenciou na proibição do comércio de escravos negros (1830), que dificultou a obtenção de trabalhadores eficientes e baratos pelos barões de café.
A obtenção de escravos africanos tornara-se muito mais cara e difícil, já que era necessário comprá-los de traficantes.
Os proprietários temiam pela escassez de mão-de-obra. Começou então uma política de forte incentivo à imigração européia.
Deixava-se claro, entretanto, que os europeus que viessem para cá serviriam, apenas, às necessidades da produção de café, cobrindo a falta de mão-de-obra existente, já que o interesse dos cafeicultores não era ter concorrência dos europeus na agricultura.
Na Europa em plena expansão capitalista, as massas populares estavam insatisfeitas com a situação de miséria em que viviam, e, sem perspectiva de conseguir melhores condições de trabalho e de vida, muitas pessoas arriscavam-se a vir para o Brasil, aceitando qualquer salário que os latifundiários se oferecessem a pagar.
O preconceito foi um fator que também favoreceu a imigração. Vendo-se obrigados a pagar salários aos trabalhadores de suas terras, os barões davam preferência aos europeus do que a negros ou orientais.
Já em 1882 iniciou-se a fase da pecuária, pelo Cel. José Mendes Bernardes – precursor do gado leiteiro, com o início da exportação de manteiga e leite para a capital Rio de Janeiro.
No ano de 1888 foi marco o início da Canalização das Águas em Campo Bello.
Em 1891 houve o surgimento da Companhia Centros Pastoris do Brasil, que em 1905 empregava 200 homens e exportava 10.000 litros de leite para o Rio de Janeiro.
Enquanto isso, a região de Montserrat (uma das sete fazendas de Irineu Evangelista de Souza), desenvolve-se com uma tendência implacável à criação de um Núcleo Colonial no Itatiaia.
No dia quatro de Junho de 1908, registrava-se o impulso das terras no Itatiaia pelos colonos italianos, franceses, alemães e belgas.
Em 1909, Henrique Irineu de Souza expõe no Rio, frutas produzidas no Núcleo.
No ano de 1911 houve uma tentativa pró-emancipacionista encabeçada por Eduardo Torres Cotrim e José Mendes Bernardes, os precursores do ideal emancipacionista.
Em 1912 chegam ao Núcleo “Itatiaia” as primeiras doze famílias de colonos holandeses.
Em 1920 se deu a implantação da Luz Elétrica, em Campo Bello (Itatiaia).
Em 1921 iniciaram-se as reformas do antigo casarão de D. Mariana Rocha Leão (hoje Paço Municipal Campo Bello) para o funcionamento do H.C. I(Hospital de Convalescente de Itatiaia) que foi instalado oficialmente a 1. º de março de 1923.
No ano de 1922 foi criada a Usina de Laticínios Campo Bello, dois anos depois em 1924 houve a instalação do S.M. I (Sanatório Militar de Itatiaia) e em 1927 se deu à fundação do Cine Campo Bello, por Gil Astrolfo de Araújo e Henrique Döhler.
Nesse mesmo ano em 1927 foi dado o primeiro passo para a concretização do projeto que resultaria na fundação da Colônia Finlandesa –a 1ª sauna finlandesa foi em terreno no Parque Nacional do Itatiaia. E em 1929 é fundada a Colônia Finlandesa no loteamento de Penedo, com a compra da Fazenda Penedo, em Itatiaia.
No Governo de Getúlio Vargas em uma de suas tantas visitas a Itatiaia, podemos citar as inaugurações do Parque Nacional do Itatiaia a 14 de Junho de 1937.
No ano de 1938, Campo Belo foi elevado à Vila por Lei Federal e em 1943, outro decreto deu ao quarto distrito de Resende e Vila Campo Bello, o expressivo nome de Itatiaia.
Em 1950, os vereadores Graciema Carvalho da Silveira Cotrim e Reinaldo Maia Souto entraram com um pedido de que criasse uma sub-prefeitura em Itatiaia. Essa iniciativa fez com que fosse criado o 8º Distrito de Resende, Engenheiro Passos, até então pertencente à área do Distrito de Itatiaia.
De 1957/58 surge um novo movimento emancipacionista, tendo à frente Lauro Mendes Bernardes e outros.
Em 1964 uma outra tentativa pró - emancipacionista aconteceu, sob o comando de Haroldo Nunes de Almeida, Benedito Ribeiro Martins, Sargento Roque Marinho e outros.
Em 1969 a Usina Hidrelétrica do Funil, começava o enchimento do reservatório e entrava em operação o primeiro dos três geradores.
Em 1976 instalava-se a Fábrica Xerox do Brasil e em 1981, a Michilin.
Em 1983 ressurge um novo movimento emancipacionista, mais experiente e mais determinado.
Oficialmente, em 1984 é criada a Comissão Pró-emancipacionista em Itatiaia por um grupo de idealistas liderados pelo economista Nilson Rodrigues Neves.
Alda Bernardes de Faria e Silva(atual presidente da ACIDHIS) E SEU IRMÃO Humberto Bernardes, Altair Valente, Cel. Rubens Tramujas Mader, Rui Camejo, Christiano Ribeiro, Dalmo Barbosa, Élio Gouvêa, George Waldemar Fusco, João Paulo D´Oliveira, José Moreira da Silva, Laércio Guedes de Barros, Márcio de Almeida Maia, Nilson Rodrigues Neves, Major Oswaldo Motta, Sebastião Oliveira Soares e Walter Martins Moreira.
No ano de 1987 o sonho consagrou-se com um plebiscito vitorioso do SIM, não tendo mais jeito, senão ao inevitável.
Em 1988 se deu a criação do Município de Itatiaia e em 1989, foram implantados os Poderes Executivo e Legislativo.
No ano de 1992 fundamos a Academia Itatiaiense de História, no dia 1º de Junho, cujo propósito é o da preservação da memória histórica de Itatiaia.
No ano de 2000, aniversário dos 500 anos do Brasil, Itatiaia foi contemplada com a Criação de uma Comarca Única.
Hoje, como grande desafio, a Academia Itatiaiense de História vem lutando pela implantação de um Memorial do Café, com todo um acervo de peças, documentos, fotos antigas, entre outros datados do século XIX para servir de atrativo para os visitantes e como estímulo ao conhecimento de um passado que edificou um presente e que deve ser passado para as gerações futuras.
Queremos em público agradecer ao Excelentíssimo Sr. Jair Alexandre Gonçalves, nosso Prefeito Municipal, pela desapropriação da Chácara Pequenina que servirá para a implantação do Memorial do Café dentro do Município de Itatiaia, criando dentro das expectativas, atrativo a mais para o veranista adentrar-se no Município de Itatiaia e promovendo através disso, ações culturais para os nossos munícipes, estudantes, docentes, bem como a instituições públicas e privadas e ao fomento turístico local.
Muito Obrigada a todos!
Texto Fonte: Alda Bernardes de Faria e Silva- Presidente da ACIDHIS

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